Conheça o método que valoriza o processo de aprendizagem e não o resultado, e vê os erros como parte importante desse processo.
Seu filho fica apavorado só de pensar no dia da prova de matemática? Certamente ele não está sozinho. Um estudo feito com 2.700 crianças inglesas e italianas, de até seis anos, publicado no ano passado pelo Centro de Neurociência em Educação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostrou que até mesmo os alunos com boa capacidade para a matemática apresentavam comportamentos de ansiedade no período de testes. Medo, raiva e até desespero caracterizam a chamada “ansiedade matemática”, que influencia diretamente nas emoções e na capacidade de desenvolvimento da criança em relação à disciplina.
E o pior é que isso cria um círculo vicioso, em que quanto mais ansiosa a criança fica, pior é sua capacidade com os números. Foi pensando em como tornar a disciplina mais atraente para os próprios filhos, Clara, 8, e André, 6, que a coordenadora pedagógica Ligia Zorzo, se tornou co-fundadora da Roda de Matemática. A proposta do método é que o professor se reúna com crianças de 5 a 12 anos em pequenos círculos para discutir desafios matemáticos diversos. “A ideia dos círculos é possibilitar que essas crianças experimentem um ambiente mais científico para explorar. O professor troca seu papel de ensinante pelo de provocador e observador ativo. Os erros são encarados como parte importante do processo e o aluno não é valorizado pela velocidade da resposta. Valorizamos o processo e não as respostas”, conta.
Ligia, que já achava o formato dos círculos de aprendizado encantadores, teve ainda mais certeza de que estariam no caminho certo ao se deparar com pesquisas recentes na área da educação, que reforçavam a ideia do método. “Conhecemos os trabalhos de duas grandes professoras e pesquisadoras da Universidade de Stanford: Carol Dweck, doutora em psicologia pela Universidade de Yale, e a britânica Jo Boaler, pesquisadora e professora de Matemática na Faculdade de Educação na Universidade de Stanford, que defendem que aprende-se tão melhor matemática quanto mais o ambiente for investigativo, participativo, livre de estereótipos”, conta.
Reforçar que todos são capazes de aprender, por mais difícil que isso pareça, e que os erros devem ser ressignificados e considerados grandes aliados do processo de aprendizagem é o grande diferencial da Roda de Matemática.
Abaixo, a especialista dá dicas para afastar o medo de matemática do seu filho:
· Nunca diga às crianças que você também é ruim em matemática.
Isso transmite uma mensagem de que “ser ou não ser bom” na matéria é uma condição inata e que não há o que possamos fazer para mudar isso. O que não é verdade.
· Desconstrua a ideia de que ser bom em alguma coisa é ser rápido e fazer sem esforço. Invés disso, incentive-a a amar os desafios, dando à ela a tranquilidade de que não será valorizadas não pela velocidade, mas sim pela profundidade e diversidade de seus pensamentos.
· Ressignifique o erro! Ele é muito rico porque mostra que a criança está tentando aprender algo novo.
· Repense os elogios. Em vez de elogiar a criança por condições teoricamente inatas, como ser brilhante, ser inteligente; troque por elogios relacionados à postura da criança, como esforço e persistência.
· Transmita a ideia que aprender é um processo. E que, portanto, não compreender de primeira não quer dizer que a criança não será capaz de compreender profundamente aquele assunto.
· Valorize o difícil. Mostre à criança que é fazendo coisas difíceis que realmente nos desenvolvemos. E é conseguindo solucionar um desafio difícil que descobrimos o prazer pela aprendizagem.
Fonte: revistacrescer.globo.com