Dançar quadrilha, comer pé de moleque e pular a fogueira em junho já é algo corriqueiro para você e as crianças. Afinal, todo ano, nesta época, seja na escola ou no clube, há uma ou mais datas organizadas para o arraiá. Mas você já pensou em falar com o seu filho sobre como começou esta tradição? A data atualmente é considera uma homenagem a três santos católicos: Santo Antônio, dia 13 de junho, São João Batista, dia 24, e São Pedro, dia 29. Porém, a origem da Festa Junina vem muito antes do surgimento do catolicismo.
“Os europeus comemoram por séculos o solstício de verão de forma pagã”, afirma Fernando Pereira da Silva, especialista em cultura popular e professor da Universidade Mackenzie. “As festividades eram uma forma de pedir por colheitas generosas. No Brasil, os índios também comemoravam algo semelhante na mesma data, principalmente os tupinambás.”
Ao perceber que não conseguiria acabar com as tradições pagãs, a Igreja Cristã incorporou seus elementos, dando-lhes novos significados. Os jesuítas foram os responsáveis por trazer e implantar esta nova interpretação da comemoração no Brasil. A fogueira, por exemplo, era, a princípio, uma homenagem aos deuses pagãos. “A Igreja transformou a fogueira na maneira que Santa Isabel, mãe de João Baptista, avisou à Virgem de Maria que seu filho havia nascido, para que ela pudesse visitá-lo”, afirma Fernando Silva.
Já a quadrilha foi inspirada em uma tradicional dança de salão francesa e as comidas típicas que costumam envolver muito milho e mandioca tiveram sua base na culinária indígena e depois sofreram a influência da presença de negros, portugueses e italianos no Brasil.
A cultura caipira, que está muito associada à festa hoje em dia, surgiu em São Paulo durante a colonização portuguesa em que se fazia muito escambo. Agora, a origem do uso de roupas remendadas durante a comemoração causa controvérsia entre os especialistas. “Acredito que essa associação de roupas ao caipira venha do personagem de Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato. Essa obra foi realmente incorporada ao imaginário popular. Porém, ainda não há nenhum estudo que mostre uma ligação direta entre os dois”, explica o especialista em cultura popular Fernando Pereira da Silva.
Fonte:http://revistacrescer.globo.com