Meio ambiente e fake news estão entre as apostas dos professores.
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das coisas aguardadas com mais ansiedade pelos vestibulandos. Não há como adivinhar qual será o de 2017, mas pedimos a coordenadores de diferentes cursinhos que dessem sugestões de temas aos quais vale a pena ficar de olho.
Embora as apostas tenham variado, quase todas tinham algo em comum: tratam de questões sociais, seguindo o que seria uma tendência observada nos dois temas das provas de 2016, a intolerância religiosa e a racial.
Educação: Bullying – O assunto ficou em destaque com a série 13 Reasons why, exibida na Netflix, sobre uma garota que comete suicídio porque, entre outros motivos, sofreu bullying na escola. Como outros temas da prova, este também recebeu lei específica e recente do governo federal (lei 13.185/2015). “Seria uma forma leve de abordar um tema de educação, área que nunca foi abordada na prova, e que está na pauta do dia do país junto com outros fatos de impacto político e social”, diz Thiago Braga, professor e coordenador de redação do Colégio e Cursinho pH, do Rio de Janeiro.
Internet: Notícias falsas – As notícias falsas (fake news) ganharam maior destaque após influenciarem importantes fatos políticos, como a acirrada vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, e o resultado do plebiscito Brexit, que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, ambos fatos marcados por inúmeras notícias falsas divulgadas na internet. O mesmo já ocorrera no Brasil nas eleições de 2014. A disseminação dessas notícias levou os gigantes Google e Facebook a adotar medidas de controle do que é veiculado. A aposta é de Ana Paula Dibbern, professora de Português e Redação do Cursinho Maximize, em São Paulo.
Tecnologia e sociedade: Tecnovícios – a relação viciante que os brasileiros experimentam no uso de telefones celulares multimídia. O uso intenso de smartphones envolve inúmeros aspectos, como na família, em educação, na saúde e no trânsito, entre outros. A dica é do professor Sérgio de Lima Paganim, Supervisor de Português do Curso Anglo, em São Paulo.
Saúde: Obesidade – Ela está em crescimento no país. Segundo a última pesquisa por amostragem, feita por telefone pelo Ministério da Saúde, nos últimos dez anos a obesidade subiu de 11,8% das pessoas consultadas para 18,9%. Mais da metade dos consultados (53,8%) disseram que estão com excesso de peso; há dez anos eram 42,6%. Foram ouvidas mais de 53 mil pessoas com 18 anos ou mais de idade.
“A redação do Enem costuma funcionar como forma de conscientizar as pessoas sobre o tema escolhido. As famílias, país afora, discutem o assunto que caiu na prova. É o que aconteceu com a questão da persistência da violência contra a mulher, por exemplo. Na esfera da saúde do brasileiro, temos dois dados bastante preocupantes: o crescimento da obesidade e também o das ocorrências de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)”, destaca Dibbern, do Maximize. O tema é também aposta de Braga, do Curso pH.
Meio ambiente: responsabilidade ambiental – “Após episódios como o rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, o corte de recursos do Fundo Amazônia pelo governo da Noruega, a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Aquecimento Global, entre outros fatos, os temas ligados à questão ambiental ganharam destaque e podem aparecer na redação. Dentre os recortes possíveis, merecem atenção a poluição urbana em lixo e transporte, o desmatamento e a geração de energia”, aposta Dibbern.
“Se quiserem falar da questão ambiental e fugir do polêmico tema Amazônia, eles vão abordar a questão do lixo e da reciclagem. O país quase não faz coleta seletiva de lixo e recicla pouco. Acho que esse tema viria endereçado a uma questão geral, como a responsabilidade das empresas, ou a necessidade de difusão de uma cultura de coleta seletiva e de reciclagem”, avalia Braga, do pH. Paganim, do Anglo, também avalia os temas de Meio Ambiente como fortes para cair na prova.
Outros temas citados:
Internet: a polarização de posições e opiniões nas redes sociais.
Patrimônios imateriais: como preservar e valorizar elementos culturais das matrizes africanas e indígenas.
Presídios superlotados: como garantir dignidade e oportunidades fora da criminalidade para pessoas privadas de liberdade.
Preconceito linguístico; desafios da mobilidade urbana; a ocupação dos espaços públicos; e respeito aos direitos do público LGBT.
Sérgio de Lima Paganim, do Curso Anglo, tece ainda um comentário e uma dica:
“Há uma ambiguidade em discutir temas possíveis para a redação, pois o tema será o recorte de um grande assunto que envolveu a vida nacional nos anos recentes. Por um lado, uma indicação nossa pode alertar o candidato menos preparado para a necessidade de se informar e de se preparar melhor para a prova. Por outro, quando esse grande assunto vira tema da redação, ele recebe um recorte e ali, no momento da prova, é crucial observar o enfoque e a coletânea preparada pela banca que especificam esse recorte. Por isso, recomendo que, nessa reta final, os candidatos busquem provas anteriores e façam um exercício de leitura de cada recorte apresentado, no Enem e em outros vestibulares”.
Também colaboraram nesta reportagem: Eclícia Pereira, do Cursinho da Poli, Gabriela Carvalho, do Curso Poliedro, Luciano Ricardo Segura, do Curso Intergraus, e Ivan Paganotti, do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo.
Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br