Café da manhã: pular a primeira refeição traz problemas na escola

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Em uma pesquisa australiana, dois terços dos professores relataram que seus alunos vão para a escola com fome. Veja quais são os riscos desse comportamento.

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Seu filho tem o hábito de tomar café da manhã antes de ir para a escola ou vai debarriga vazia? A pesquisa Hunger in the Classroom (Fome na sala de aula, em tradução livre), realizada na Austrália pela Foodbanker, uma organização de ajuda alimentar, constatou que um grande número de crianças por lá vai para a escola com fome e analisou como isso influencia no desempenho escolar.

Por meio de um levantamento feito com 500 professores de escolas primárias e secundárias de áreas metropolitanas e rurais, pesquisadores chegaram a resultados preocupantes. Dois terços dos professores (67%) relataram que as crianças vão à escola com fome, sem tomar café da manhã e sem comer nada. Nas escolas do governo, esse número sobe para 75% e nas escolas privadas, cai para 48%. Nas áreas rurais, a situação é mais comum (72%) que nas capitais (63%).  Em um dia comum, cerca de três alunos por turma chegam à escola em jejum. E pior: essas crianças tendem a repetir o padrão pelo menos três vezes na semana.

O impacto que a fome tem no aprendizado e no comportamento das crianças também foi avaliado durante o levantamento; 82% dos professores afirmam que o trabalho aumenta quando há crianças de barriga vazia dentro da sala de aula. Eles relataram que os alunos encontram mais dificuldades para se concentrar, ficam mais sonolentos, têm mais dificuldades de aprendizado e também apresentam problemas de comportamento.

Isso acontece porque, quando o organismo fica muito tempo sem receber alimentos, é como se entrasse em um modo de economia de energia. “O jejum prolongado vai dificultar a passagem do impulso nervoso, que precisa de energia para ser transmitido. Tudo no corpo desacelera: parte motora, do raciocínio”, explica a pediatra Cylmara Gargalak Aziz Silveira, do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco (SP).

Longos períodos em jejum também podem provocar hipoglicemia, que é a baixa concentração de glicose no sangue, comum em diabéticos. A criança fica molinha, com a visão turva, mãos suadas, tremedeira e bem pálida. Com meio copo de suco o problema pode se resolver: o imprescindível é quebrar o jejum fornecendo uma fonte de energia rápida ao organismo. Contando que a criança durma de 8 a 10 horas por noite, período em que não se come nada, se ao acordar, ela for direto para o lanche, que por acontece só no meio da manhã, são pelo menos mais três ou quatro horas sem se alimentar. Ou seja: de 11 a 14 horas sem nada no estômago.

Não como, não como, não como

“Os pais têm que insistir para que o filho coma pelo menos uma fruta ou tome um leite para quebrar o jejum”, ensina a nutricionista clínica Juliana Miguel Pereira, de São Paulo. Não precisa fazer um café da manhã continental, com pão, queijo, ovos mexidos, bolo… Basta que seu filho consuma algum alimento consistente para forrar a barriga. É como dizer ao organismo: “Olha, estou acordado e vou te dar comida, não precisa se preocupar, nem desacelerar”.

Só que, enquanto algumas crianças não comem de manhã porque não têm o hábito, outras realmente não conseguem. Ficam enjoadas, nada cai bem, nem um copo de leite desce. Só depois de três ou quatro horas é que a fome aparece. Nesse caso, o melhor a fazer é tentar encontrar alguma coisa que a apeteça: um suco, uma bolacha, um pedaço de queijo. Se não descer de jeito nenhum, não insista: cada criança tem o seu ritmo. Mande um lanche reforçado, com um suco ou um iogurte para seu filho comer a caminho da escola se tiver vontade.

Se a falta de apetite ao acordar se arrastar ao longo do dia, fique atento.  “Às vezes, a criança não come por uma doença física ou um problema psicológico. Pode ser intestino preso, gastrite ou até problemas na escola”, ressalta Cylmara. O contrário também merece atenção: se a criança se alimentou bem no café e mesmo assim está cansada, sonolenta e não consegue prestar atenção na aula, melhor investigar. “Anemia é a principal causa de baixo rendimento na escola”, alerta a pediatra.

O que um café da manhã saudável deve ter

A primeira refeição do dia deve ter uma fonte de proteína (leite e derivados), uma porção de carboidrato (pães e cereais) e uma fruta. Pode ser:

– uma bisnaguinha com requeijão e uma banana;

– um pão de forma com peito de peru e uma maçã;

– leite com cereais e mamão.

“O ideal é que os pais não incluam açúcar. Os carboidratos quando metabolizados já fornecem açúcares, assim como a fruta”, recomenda a nutricionista. É claro que em um mundo real isso não é tão fácil, mas tudo é uma questão de bom senso. Se a criança só toma leite com achocolatado (que normalmente contém açúcar), tudo bem, desde que a bebida não fique marrom de tanto chocolate. “Se a criança bebe o achocolatado muito concentrado, o organismo rapidamente consome esses açúcares, eles não ficam muito tempo. Melhor colocar mais leite do que chocolate, já que a proteína demora mais para ser metabolizada”, explica a pediatra.

ORGANIZE-SE

Como as manhãs costumam ser corridas para a grande maioria das famílias, vale antecipar a preparação do café na noite anterior, para facilitar o processo. Deixe a mesa preparada, com copos, pratos e talheres arrumados e, se necessário, deixe até as frutas cortadas. Não é o ideal, uma vez que ocorre perda nutricional.

Vale também programar o despertador para acordar um pouco mais cedo. Assim dá para preparar o café com calma e sentar-se com as crianças para comer. Só que, para isso, seus filhos (e você também) precisam ir cedo para a cama. Não dá para dormir às 11h da noite e acordar cheio de disposição às 6h da manhã, não é mesmo?

Para as famílias que não conseguem de jeito nenhum se sentar para tomar café junto durante os dias de semana, vale praticar aos sábados e domingos. Afinal, curtir um café gostoso na companhia de quem a gente gosta é uma delícia!

Fonte: http://revistacrescer.globo.com

 

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